terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Balanço





Se não é de todo fácil fazer o balanço anual que engloba doze meses, como será fazer o de 30, 40, 60 anos ou mais.
Hoje, enquanto procurava fotos, passaram por mim algumas da minha infância e de bebé de colo. Na grande maioria sorria ou dava boas gargalhadas que ainda hoje consigo ouvir dentro de mim. Noutras era o oposto. Se o sorriso era por demais sincero na sonorização, o choro escutava-se nos confins do mundo. Guardo estas partes de mim com especial carinho, pois foram momentos de crescimento que estão presentes na minha personalidade. 
Ao recordar os momentos destas imagens, os sons, as cores, a envolvência,  deu-me vontade de partilhar e ao mesmo tempo deixar alguns desafios. Quantas vezes vamos buscar o positivo de qualquer momento de crescimento e o trazemos para a vida atual, como uma escolha? Ou quantas vezes nos deixamos cair em erros consecutivos porque essa escolha é difícil de ser tomada?

Na infância eram os adultos que tomavam as nossas escolha na maior parte do tempo. Hoje como adultos que somos e para mim ser adulto é tomar responsabilidade de quem se é e o que se pretende fazer/ser com a vida que se "ocupa", tomamos as escolhas/responsabilidades como nossas? Como adulto tomamos responsabilidade do adulto e da criança que todos carregamos?

Por vezes os desafios são tantos que nos esquecemos de viver o nosso lado de criança e de lhe dar atenção de forma genuína. Podemos pensar que a sociedade versus pais/adultos querem determinados fins para nós que não são efectivamente o que queremos. Ou poderemos andar numa certa correria de aprovação entre as pessoas que nos rodeiam (amigos, parentes, colegas....). Ou ainda de certa forma, pensar que poderá ser pateta perante os outros, mostrarmos as nossas fragilidades, brincadeiras, medos ou tristezas.

Ao longo dos anos tenho trabalhado muito comigo e com outros no sentido de ser e de me conhecer cada vez mais através da minha criança/adulto. Faz sentido para mim dar atenção ao que sinto e fazer as escolhas em consonância. Por vezes deixo que o mental interfira e permito-me ser guiada, seja qual for a direção, mas em desapego. Outras, talvez porque estou mais presente em mim ou me é mais fácil nesse momento, apenas sinto e deixo fluir com a certeza de estar presente. E esta presença tem sido uma dádiva fulcral que me leva numa sincronicidade cada vez mais crescente com a vida. Em que literalmente me deixo de preocupar para me permitir ir na onda, bem na crista da onda para onde ela me leva e sabendo que estou sempre no e com mar da Vida. E é tão bom, tão excepcional e maravilhoso deixar-me, permitir-me receber os bombons da beleza de viver.

Deixo-vos o desafio de apenas por hoje ou por agora, perguntarem-se o que a vossa criança faria num momento de pura alegria e experimentem agir em conformidade e apanharem a crista da onda.

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