sábado, 10 de janeiro de 2015

Yoga na adolescência


Como professora de yoga, adoro lecionar e ver o desenvolvimento dos meus alunos. E ao mesmo tempo sou também uma eterna aprendiz. Fascina-me a linguagem do corpo e maneira como se manifesta nas diferentes posturas durante uma aula e ao mesmo tempo como cada mente desse corpo interage com ele e com o grupo.
Tenho alunos de todas as idades. Há anos em que os jovens recorrem mais, outros em que são os adultos. Este ano é o primeiro que tenho turmas inteiramente adolescentes entre os onze e os dezasseis anos. E é com imensa alegria que partilho esta fase de crescimento com estas jovens tão bonitas. Sinto-me grata pela oportunidade e pelo crescimento. Pois daqui surgem sementes para uma vida preenchida de valores internos.

À medida que as aulas vão avançando há um laço que se cria, uma maior proximidade e um tratamento por tu, intercalado com "stora" como se fosse parte daquele grupo de amigas intimas, em que sou a mais velha. E dentro de mim, rio por esta simplicidade e pelo aconchego que me traz ao coração de fazer parte de mais um mundo, o qual já quase tinha esquecido. E noto as diferenças e semelhanças que no meu tempo de adolescente existiam a todos os níveis. As leituras, as series televisivas, os estudos, as oportunidades de carreira são tão parecidas e tão diferentes na realidade que eu conhecia. Parecidas porque sempre existiam e diferentes porque na minha época este acesso tão fácil, rápido e eficiente não me era nada familiar.  Engraçada a certeza com que algumas delas já tem delineado o seu futuro de sonho e carreira. Enquanto eu não me identificava com nada até bastante tarde. Mas devo dizer que mesmo nesse nada, tive e tenho uns pais amorosos que não me forçaram a seguir qualquer caminho. Por isso estou aqui a seguir o meu coração e o que amo.

Gosto de aprender todos os dias, da mesma forma como coloco de mim em tudo o que faço/pratico e estas "crianças" têm me ajudado a ser paciente com elas ao mesmo tempo que vivo essa energia de vivacidade, espontaneidade, leveza de que há uma vida inteira pela frente para desfrutar e que elas tão naturalmente respiram. E essa energia que cada corpo manifesta com maior ou menor flexibilidade/rigidez fascina-me pela totalidade de cada ser. E é engraçado observar como simples asanas (posturas) dão formas de expressão tão diferentes de corpo para corpo, como esculturas em distintos escultores. E se nalgumas delas o silêncio torna-se mágico e dá azo a uma imaginação crescente, noutras o impulso da dor e do esforço é de tal forma que o silêncio deixa de existir e por vezes surge aquela gargalhada espontânea de nós mesmos. Nestes instantes rio-me com elas porque a mesma energia vem até mim e é mais uma oportunidade de sentir o quanto o riso liberta e prepara para um momento mais concentrado. É como um elástico que é esticado e ao ser largado (riso) deixa de estar em esforço e volta ao seu lugar inicial. Não voltamos ao início porque alteramos algo em cada asana, mas permitimos largar o esforço e usufruir de bem estar, por momentos.

Yoga ajuda a todos os níveis, melhorando a capacidade de concentração e produtividade, imprescindíveis para bons resultados nos estudos. Mas ao mesmo tempo cria estrutura, alicerces para a vida, porque como filosofia de vida que é, tem um conjunto de ferramentas que não são apenas as conhecidas asanas. E quem se identifica com este caminho, gosta de o praticar de forma salutar.
Se já experimentaste sabes do que falo. Se ainda não te foi possível, está na altura de teres a tua própria experiência. Convido-te!

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