Em
vários momentos do meu dia, pensamentos recorrentes de desapego e largar ou deixar ir, vinham
num primeiro momento assombrar as pequenas certezas com que me cobri, como uma
manta quente e aconchegante numa noite gelada. No fundo o que sentia eram
arrepios de uma saudade conhecida e nada benvinda, pelo menos no início.
Largar
conforto, relacionamentos, hábitos, deixar ir os juízos de valor, as tristezas,
os risos de pequenas histórias que poderiam ser verdadeiros livros ou filmes
cómicos de vivências em conjunto. Desapegar o que não me pertence, custa tanto
que lágrimas afloram com uma consistência deveras marcante em mim.
No
fundo nada foi meu, apenas a experiência que tiro de cada lição de vida, de
cada momento de amor, de cada olhar presente, no ver para Além de e no sentir a
Alma na sua totalidade e grandeza.
E ao
mesmo tempo que estou a sentir o início do desapego, do soltar, como quem abre mão a uma águia para esta voar até ao céu, sinto com grande imensidão a gratidão, como se
fosse esse enorme espaço sem fim que é o céu onde a mesma águia se destaca e
se, ao mesmo tempo, sente a sua pequenez em tamanho, também sente o poder de
fazer parte do mesmo espaço, que a abraça, a acolhe, a impulsiona para ir mais
longe dentro dela.
Como
me sinto grata pela maturidade que obtive neste tempo de partilha. Como o meu
coração bate de alegria por ter vivido momentos tão nítidos de prazer, alegria, amor e também outros de raiva, impotência, frustração e tristeza, que depois se alteraram pela compreensão, diálogo e muita compaixão. Pois sem eles não
chegaria onde estou. Não seria a Estela de hoje, mas uma outra pessoa numa
realidade paralela. E por todos estes momentos eu desapego e deixo ir em
Amor, o mesmo Amor que os prendeu e que em muitos momentos o quis prolongar com
bastante apego numa eternidade. E sabem algo novo? Consigo que estes sabores
mágicos fiquem comigo para sempre, pois a intensidade deles, faz com que prevaleçam como selos gravados em mim, muito mais profundamente que qualquer tatuagem.
E aos
poucos o largar vai dando lugar à maior gratidão que posso ter, que é a de
sentir dentro de mim, tudo o que me permito sentir e acolher, como quando sinto as
lágrimas na minha face e as beijo ou as gargalhadas que fazem eco de tal forma
que as árvores dançam com a simples alegria de me sentir feliz.
Obrigada
amados seres terrenos com quem cresci nestes últimos tempos.
Obrigada
a mim mesma por me ter permitido abrir o coração como nunca o tinha feito
antes.
Grata
por tudo, querido Universo e pronta para o novo voo na tua imensidão.
E... Confio!!