Um dos princípios de Yoga é Santocha
que significa contentamento, independentemente de qualquer circunstância. Este
contentamento é a paz interior frente a alegrias ou desfios.
Num passado recente, passei por um desafio
a que dou o nome de violência verbal que nem de longe nem de perto, chegou ao estado
de contentamento.
Gritos ou formas mais intensas de
verbalizar sentimentos de revolta, frustração ou zanga chegaram até mim e a
quem estava comigo de uma forma assustadoramente surpreendente. E se por lado, me senti frágil o bastante para equacionar sofrer de violência física,
também me senti forte o suficiente para não dar a outra face e submeter-me a um
abuso no mínimo com a maior falta de respeito pelo meu ser.
Nestas circunstâncias pergunto-me
o que será mais correto? Se, por um lado, há um padrão cíclico de mim, que como
magnetismo atrai a situação e sou responsável por ela. Por outro lado, sendo
responsável, também preciso de atuar de forma a quebrar o mesmo padrão ou vou
ser "submissa" em determinadas situações. Como, efectivamente, já fui
em alguns momentos da minha vida.
Agora de fora do filme, consigo
ter uma maior clareza e graças a um amigo muito chegado que me ajudou de forma
directa a ir ao padrão de violência, com principal origem na infância.
Agora consigo ver como
alguns adultos podem ter um papel demasiado abusivo na educação, seja através
de palavras, ações ou falta delas.
Vezes sem conta ouço clientes que
vem até mim e desabafam os medos desta mesma infância. Por exemplo o olhar do
pai que os deixava em sentido, uma mãe que apenas tinha atributos de mãe pela
parte social, irmãos ou outros familiares que se achavam no poder de usar a
força perante uma criança pouco ou nada indefesa.
Como essa criança vai crescer?
Como ela vai ver e interpretar o mundo? Como ela se vai defender??
Se é coisa que raramente me deixa
quieta ou calada é injustiça perante crianças e animais. Como uma criança se defende com quatro anos ou menos perante os
berros ou estalos de alguém que supostamente diz que a ama??
Todos podemos
perder a paciência e errar. Todos passamos por fases dessas. Mas
conscientemente.... É algo que demonstra uma patologia, nada saudável para
todo o ambiente familiar. Tornando-se ainda pior quando voltamos a reagir vezes
sem conta o que criticávamos nos pais.
Até ao momento, de Santocha pouco consegui sentir. Mas a verdade, é que
estando, fora do filme, sinto paz interior. Não apenas por ter
compreendido, mas por ter uma maior consciência da importância que podem ter as
palavras para quem as escuta. Já não sou a Sonja de quatro ou cinco anos,
indefesa e a chorar. Mas ainda tenho esse lado acompanhado com a Estela madura
que não permite esse tipo de atos e que cada vez está mais apta a responder com
assertividade e amor. Devo dizer que esta paz me deu maior força para atuar.
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