sábado, 26 de março de 2016

Simplicidade





E se por momentos deixássemos que a simplicidade tomasse conta de nós como a criança que ri apenas pela expressão diferente de uma face familiar, ou o que chamamos de careta. 
Se é tão fácil fazer expressões, para ver esse sorriso em alguém que amamos, também o será para nós mesmos?? E se experimentássemos? 
Podemos sentir alguma faísca de ridículo ao fazê-lo, mas é o mesmo sentimento expresso nestes diálogos de mímica com um ser tão puro? Ou a beleza de um sorriso numa criança é bem superior a qualquer tipo de alegria dentro de nós??
Tantas vezes me esqueço de mim, para dar maior atenção ao outro, porque naquele momento é urgente. Ou será apenas um hábito de prioridade mal coordenado com a vontade??
O outro, mesmo sendo extensão de mim, não deixa de ser algo exterior.... Se lhe presto a máxima atenção, onde estou a colocar-me? Onde está o meu centro nesse momento?
Contudo, não estou a tirar importância, de quando em vez, existirem situações em que é mesmo necessário dar o meu melhor, na interajuda com o outro. Mas fazer de tal atitude, um ritual para me sentir, de alguma forma, melhor, útil, validada, etc..... Não! Não acredito que tal possa funcionar para ser mais feliz. E atenção que escrevi "ser" e não "estar" mais feliz.
E com este pensamento, encontro-me em frente ao espelho do cabeleireiro a fazer caretas a mim mesma e a rir dos meus sorrisos e expressões caricatas! E tudo isto, porque permiti que a simplicidade me invadisse e aumentasse o humor. 

Permites-te?

sábado, 5 de março de 2016

Estados de ser






Existe um estado meditativo de profunda paz. Pode ser dois segundos ou três minutos. Nessa fusão de serenidade, as palavras não fazem sentido porque tudo expande e deixo de ter corpo, forma, parece que tudo muda, até mesmo o lugar onde estou sentada.
Depois de muitos anos a meditar, pelo simples prazer de sentir esse êxtase, hoje obtenho esse estado de olhos abertos. Não a toda a hora, mas quando me permito.
Vinha a conduzir nesse estado, e até parecia que o carro se dirigia a ele mesmo, levando-me junto. O meu corpo fazia as manobras necessárias para ir onde o cérebro já tinha programado com destino certo.
Com um sorriso no rosto e como se o tempo estivesse parado enquanto eu passava, sentia a união com tudo, a estrada, as pessoas atarefadas, as nuvens, os semáforos.....

Engraçado como determinados estados produzidos dentro de nós, podem despertar outros cada vez mais profundos, como uma espiral sem fim. O meu desafio é manter cada vez mais tempo este sentir.
E claro, como sou humana, enquanto escrevo estas vibrações, com o veículo parado, depressa saí desse estado, quando alguém estacionou ao meu lado, batendo com a porta da sua carroça no meu carro!! Em segundos lá se foi a paz!!!
Voltei ao meu estado de união, ri para mim e pensei "afinal, isto é viver, interagir, crescer, morrer para re-viver".....
E re-vivi nesse momento porque me permiti sorrir para a minha mente, com os seus juízos rápidos e parar a importância que estava a dar ao material e à individualidade.... O outro carro, dito carroça, mas o meu, ah, o meu até lhe chamo de Blue e tem personalidade....
Quantas vezes me deixo cair nestas teias mentais, de separação!???
Pelo menos hoje a consciência falou mais alto! E sabes que mais? Ainda sinto esta união, paz, amor.
Consegues sentir?
É tão maravilhosamente bom.... Que as palavras não chegam....