Há uma certa conotação negativa social, no facto de não fazer
nada. Habituei-me a constantes respostas, desse nada, trocado por reuniões. E
há reuniões para tudo, como se pode imaginar. No fundo, desculpas, momentos que
se escondem no tempo, uns para prazeres, outros para dissabores....
Pergunto-me vezes sem conta, se "reunião" é desculpa
para tudo, ou mesmo com um fundo de verdade, porque engloba mais do que uma
pessoa, juntas, num contexto e conteúdo, de certo modo interessante, quanto
mais não seja, para um dos intervenientes.
Estava eu a dizer, que prefiro não fazer nada e dizê-lo
abertamente, a ter a necessidade de colocar uma ocupação infundada e
inverídica.... Sou dona de mim e todo o socialmente correcto, nem sempre me
move, para ser incorrecta comigo.
Grandes pensadores, gênios, retiravam parte do seu tempo para
dormitar, contemplar ou estar junto à natureza, porque no relaxamento a mente deixa de controlar e
permite-nos aceder a outras partes nossas, mas escondidas pela necessidade de
estarmos em alerta constante, seja de tarefas presentes e ou futuras. Grande
exemplo histórico, é a famosa palavra grega "Eureka" que significa
"Encontrei" atribuída a Arquimedes ao entrar numa banheira com água.
Saindo nu e correndo eufórico porque achou a forma de medir o volume de uma
coroa, sem a derreter, no sentido de perceber se era de ouro puro ou teria mais
alguma matéria acoplada.
O banho é uma forma de relaxamento mental e físico.
Um outro exemplo, nas palavras de Philipp Frank, um colega
científico de Einstein, resume o gênio: "Desde o princípio, separava-se
das crianças da sua idade e entregava-se aos seus sonhos e reflexões.
" Ele gostava de se isolar nos seu pensamentos de realidades diferentes daquela que vemos.
Neste momento, deitada no sofá e com um sentimento de profunda
paz, aprecio apenas e só, o não fazer nada, o Ser. Consciente de mim, do meu
corpo, do mundo profissional, emocional, respiro com tranquilidade a serenidade
de existir. Simplesmente isso - existir!! E enquanto respiro este estado, crio
as minhas realidades neste plano.
Dificilmente acredito que apenas estamos aqui e muito menos que
somos um corpo. A minha realidade é abrangente demais para restringir a tal e
enquanto beneficio de tal, apraz-me dizer, que sabe maravilhosamente bem sentir
a serenidade que me invade.
Não sei se te lembras das vezes que a sentiste. Nem tão pouco se
usufruíste da totalidade dessa Paz. Ou até mesmo se te perguntaste até onde te
levaria.
Mas sei que é um estado disponível a todos os que se permitam
sentir, sem nada fazer.
Experimenta, nem que seja um pequeno momento.