Pelo vidro consigo ficar hipnotizada com as gotas da chuva
que caem, criando formas engraçadas ao meu ver. À medida que a chuva fica mais
ou menos intensa, essas formas unem-se, criando quadros mágicos ou separam-se
como peças únicas num quadro pintado com sabores diferentes da natureza.
Nesta meditação, deixo-me emergir e sentir gratidão por
tão grandiosa beleza espelhada em cada gota, que com um ritmo próprio cai,
esborrachando-se numa estética inigualável e única.
Ao mesmo tempo que pondero sair para a chuva, sem aqueles
instrumentos que servem de telhados pequenos, reparo noutros seres contentes, a
quem a chuva parece ser motivo de festa no jardim em frente. Pardais dançam na
chuva, como se ela quase não existisse. Procuram a sua comida, saltitam, como
molas numa dança só por eles conhecida, mas que me faz rir.
E penso: “aqui estou eu indecisa entre apanhar chuva num
espaço de metros e estes voadores saltam contentes enquanto procuram comida e
se alimentam..... Realmente que excesso de perfeccionismo, criado por uma
sociedade em que tudo o que é diferente parece quase ser um crime. Como
seriamos mais felizes no sentir e usufruir de momentos tão simples como este”.
Ao mesmo tempo aprecio um dos pardais a abrir a sua asa,
com tão grande segurança e encanto, que fico a apreciar as suas penas bem
afastadas, enquanto com o seu bico vai a um lugar específico fazer algo. “Talvez
tenha cócegas com a chuva”, sai esse pensamento de mim e sorrio.
Quantas vezes
paramos assim? Quantas vezes sentimos?
Fotografia: www.pinterest.com
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