domingo, 3 de janeiro de 2016

Chuva






Pelo vidro consigo ficar hipnotizada com as gotas da chuva que caem, criando formas engraçadas ao meu ver. À medida que a chuva fica mais ou menos intensa, essas formas unem-se, criando quadros mágicos ou separam-se como peças únicas num quadro pintado com sabores diferentes da natureza. 

Nesta meditação, deixo-me emergir e sentir gratidão por tão grandiosa beleza espelhada em cada gota, que com um ritmo próprio cai, esborrachando-se numa estética inigualável e única. 
Ao mesmo tempo que pondero sair para a chuva, sem aqueles instrumentos que servem de telhados pequenos, reparo noutros seres contentes, a quem a chuva parece ser motivo de festa no jardim em frente. Pardais dançam na chuva, como se ela quase não existisse. Procuram a sua comida, saltitam, como molas numa dança só por eles conhecida, mas que me faz rir.

E penso: “aqui estou eu indecisa entre apanhar chuva num espaço de metros e estes voadores saltam contentes enquanto procuram comida e se alimentam..... Realmente que excesso de perfeccionismo, criado por uma sociedade em que tudo o que é diferente parece quase ser um crime. Como seriamos mais felizes no sentir e usufruir de momentos tão simples como este”.
Ao mesmo tempo aprecio um dos pardais a abrir a sua asa, com tão grande segurança e encanto, que fico a apreciar as suas penas bem afastadas, enquanto com o seu bico vai a um lugar específico fazer algo. “Talvez tenha cócegas com a chuva”, sai esse pensamento de mim e sorrio. 

Quantas vezes paramos assim? Quantas vezes sentimos?

Fotografia: www.pinterest.com

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